"O poder do garfo"
O ano de 2006, para mim, foi o ano em que a preocupação com o meio ambiente virou pânico. Todas as revistas e jornais produziram artigos e edições especiais com fotos e desenhos que mostram o futuro “catastrófico” que nos espera. Eles apresentam muitas soluções e ações para “salvar” o planeta. Essas ações variam como diminuir o consumo de água para tomar banho, lavar louça, escovar os dentes, usar lâmpadas que gastam menos energia, reciclar o lixo, comprar um carro menos potente etc. As discussões sobre aquecimento global se focam em emissores tóxicos, uso de combustíveis fósseis e preservação das florestas.
Mas poucas pessoas consideram o impacto ambiental da escolha dos nossos alimentos. As pessoas sabem pouco como o nosso alimento é produzido e a influência disso sobre o meio ambiente. Um hectare de terra pode fornecer o sustento para 12 pessoas que se alimentam principalmente de vegetais, já o mesmo hectare produz apenas para 3 ou 4 pessoas que se alimentam com bastantes produtos de origem animal. Para sustentar este rebanho enorme de animais que servirão de alimento, são necessários milhares de hectares de pasto e extensas áreas de cereais para os frangos, galinhas, porcos, bovinos, peixes e camarões em confinamento. Só no Brasil, em 2004, havia 204 milhões de cabeças de gado! Para estes animais, quando mantidos em confinamento, são necessários pelo menos 3 kg de ração para produzir 1 kg de carne. Além disso, existe o problema do chorume, mistura de fezes e urina desses animais, que é depositado em tanques para adubo, ou pior, jogado nos córregos e rios, poluindo a água até o local onde entra no oceano. Quero ressaltar que o problema maior quanto a isso consiste na escala cada vez maior desta produção de alimento animal.
Para fazer um hambúrguer, é necessária uma quantia de grãos equivalente à que daria para fazer 3 pães de fôrma. Muitos cereais são produzidos com a irrigação de pivôs centrais que consomem enormes quantidades de água. Existe também uma concentração forte de gases poluindo o ar como amônia, gás metano e carbônico, estes dois últimos contribuindo para o efeito estufa.
Como podemos ver, a poluição da terra, rios, mar e ar tem muito a ver com a escolha da nossa alimentação. E ainda não mencionei a importância dos orgânicos para inverter este quadro. Então, nas decisões para melhorar nosso meio ambiente, temos que pensar bastante sobre nossa alimentação e ficar conscientes do “poder do garfo”. Uma mudança de uma dieta onívora, em que comemos de tudo, para uma dieta centrada em hortaliças, não é nada fácil. Quem vive ou viveu num sistema centrado em alimentos de origem animal sabe como é difícil mudar. Por isso gostaria de dizer:“Save the earth – one bite at a time”, ou seja:“Salve o Planeta – uma mordida por vez”
( extraido do site Sítio A Boa Terra)
Joop Stoltenborg